Para a Sumol+Compal exportar é mais do que natural

A Sumol e a Compal juntaram-se há três anos e passaram a liderar o mercado das bebidas não alcoólicas em Portugal
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"Um gato é um gato, um cão é um cão. Sumol é aquilo que os outros não são." Era assim que a Sumol se apresentava nos anos 60 naquele que foi o primeiro anúncio de um refrigerante na televisão portuguesa. Era em nome da fruta, do natural e da ausência de corantes que a Sumol se queria distinguir das outras marcas. E ainda hoje é assim.

Porém, se a Sumol começou por ganhar mercado a arrasar a concorrência, nos últimos três anos cresceu ao unir-se a parte dela: fundiu--se com a Compal. O que tinham em comum? "O gosto pelo natural e pela fruta", explica o CEO da Sumol+Compal, Duarte Pinto.

Ao unirem-se tornaram a empresa "líder do mercado das bebidas não alcoólicas em Portugal", um feito a ter em conta, uma vez que em diversos países do mundo esse título é conquistado pela poderosa multinacional Coca-Cola.

Longe dos tempos em que o Sumol era apenas um sumo de laranja vendido num restaurante de Algés ou que a Compal se centrava na área do tomate, as empresas continuam a apostar na "inovação e qualidade". Gerem ainda outras marcas como o famoso Bongo ou o B!, que têm grande aceitação do mercado.

Duarte Pinto explica que as marcas se juntaram para serem "mais fortes" não só no mercado nacional mas também numa perspectiva de internacionalização. "Actualmente, metade das vendas das nossas marcas já é feita para fora do País", explica o presidente executivo da Sumol+Compal. Estes 50% de vendas que contribuem para a exportação nacional correspondem a 50 milhões de litros por ano.

Dentro do mercado internacional, o continente africano lidera (75%), sendo o angolano o maior consumidor. Porém, são mais de 60 os países onde pode encontrar-se um Sumol ou um Compal, como por exemplo as ilhas Maurícias. A empresa aposta também nos mercados emergentes, daí que recentemente tenha contratado um administrador chinês, sediado em Pequim, que tentará dinamizar o negócio na China.

Além de aumentar as exportações, a Sumol+Compal tenta investir cada vez mais nos produtos nacionais. "Há pouco tempo lançámos um produto que é feito com pêra--rocha e celebrámos um acordo de exclusividade para comprar pêssegos a um grupo de agricultores portugueses durante os próximos 10 anos", explica Duarte Pinto.

As marcas também não querem descurar o mercado nacional, no qual apostam na inovação (que inclui testar novos sabores e produtos junto do mercado) para se diferenciarem das chamadas "marcas brancas". Embora o consumo esteja a diminuir, a Sumol-Compal, segundo garante Duarte Pinto, "tem vindo sempre a reforçar gradualmente a sua quota de mercado nos últimos três anos".

As campanhas publicitárias e a aposta em áreas cirúrgicas são outras das estratégias da empresa. Campanhas e novos produtos como o "B! dos Bosques, para a crise dar de frosques" ou a aposta de determinados segmentos, como o jovem, através do surf (particular destaque para o Sumol Summer Fest) são estratégias que têm aproximado os consumidores das marcas da empresa.

Curioso é também perceber que nem todos os mercados gostam dos mesmos produtos. No caso da Sumol, por exemplo, o sumo mais vendido em Portugal é o de laranja, mas nos países africanos já é o de ananás. Tal como acontece em Cabo Verde, onde a quota de mercado até é superior à portuguesa no sector das bebidas não alcoólicas.

O futuro da empresa passa por "continuar a crescer fora de Portugal". No fundo é dar outra dimensão ao trabalho de António João Eusébio quando, nos anos 50, a caminho do Algarve, pregava chapas com as letras S, U, M, O e L em tudo o que era parede visível das estradas mais movimentadas.

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